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O significado da resiliência para médicos residentes

Autor: Equipe SOBRARE Publicado em: 10/11/2025

Hoje trouxemos para apresentar mais uma pesquisa de grande relevância para o avanço
dos estudos no campo da resiliência.

 
Rosana Trindade Santos Rodrigues é doutora em Ciências da Saúde pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e defendeu, em maio de 2012, sua tese: "Resiliência e características de personalidade de médicos residentes como proteção para o burnout e qualidade de vida". A tese foi apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Ciências da Saúde.

 

Burnout é uma síndrome que resulta do estresse profissional e está associada à dificuldade
de enfrentar adversidades, tanto ambientais quanto pessoais. Em médicos residentes, o
burnout manifesta-se especialmente durante o primeiro ano do treinamento. Os estudos
mostram que alguns indivíduos enfrentam as adversidades de forma saudável e conseguem
evitar o adoecimento.


Diante da amostra estudada, verificou-se que 63,6% dos médicos residentes possuem forte
resiliência, apresentando menor índice de burnout e melhor qualidade de vida. A discussão levantada foi de que o primeiro ano da residência médica é um marco na formação do médico e deve receber a atenção dos profissionais de saúde mental no estudo e desenvolvimento de técnicas que ajudem sua proteção, uma vez que o burnout pode gerar danos pessoais e profissionais.

A resiliência, compreendida como uma característica multideterminada, pode ser desenvolvida em médicos residentes como forma de proteção para o burnout. Dra. Rosana concluiu, neste estudo, que o comportamento resiliente protege o médico residente contra o burnout. 

 

Leia uma pequena entrevista que fizemos com a autora deste estudo:


SOBRARE: Resumidamente, sobre o que sua tese trata?

Dra. Rosana: Estudei características de personalidade e resiliência com médicos residentes para saber a influência positiva de tais características no enfrentamento do desgaste emocional da tarefa diária.

SOBRARE: Qual o papel da SOBRARE nesta pesquisa? Quais os recursos
disponibilizados a você e como foi contar com o suporte dado?

Dra. Rosana: Quando finalizava minha tese entrei em contato com o Dr. George Barbosa, que prontamente me ofereceu subsídios teóricos sobre a resiliência a partir da tese de doutorado que ele desenvolveu. Estes subsídios me ajudaram a incrementar e direcionar a discussão.


SOBRARE: Se o médico residente identificar sua vulnerabilidade, como é possível ajudá‐lo
a evitar o estresse?

Dra. Rosana: Acredito que talvez não seja possível evitar o estresse, mas trabalhar com ele de forma a não adoecer. O trabalho é feito por meio da conscientização, mudanças de crenças e do desenvolvimento da resiliência.

SOBRARE: Se o médico residente não tiver resistência para dar conta do estresse a que está submetido, que consequência pode ter?

Dra. Rosana: Ele pode adoecer e se afastar da sua atividade profissional, o que atualmente ocorre com frequência.

SOBRARE: O ambiente de pressão e cobrança tem sido, para muitos, uma estratégia de ensino e a resiliência propõe apoio e proteção. De acordo com seu trabalho, onde estão os ganhos em o médico ser resiliente?

Dra. Rosana: Os ganhos estão exatamente na possibilidade de exercer uma tarefa que por si já é desgastante de forma saudável. Mais do que isso, o trabalho precisa começar no ensino, mudando a estratégia de pressão e cobrança para um ensino com apoio e proteção.

SOBRARE: Que futuras aplicações a Dra. enxerga pela frente?

Dra. Rosana: Tenho interesse em desenvolver estudos e intervenções neste campo e com estes profissionais, com expectativa de mudanças no ensino médico e na promoção de saúde para estes profissionais.

Rosana Trindade Santos Rodrigues: doutora em Ciências da Saúde pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo; mestre em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de São Paulo (2005); especialista em Psicologia Hospitalar pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (1994). Psicóloga clínica em consultório particular e professora e supervisora de estágio em Psicologia da Saúde na Universidade Anhembi Morumbi.